quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desenvolvimento Pessoal

Desenvolvimento pessoal segundo Freud

     Sigmund Freud, o “Pai” da psicanálise, defendia que os processos psíquicos inconscientes (forças, desejos sexuais e agressivos, recalcamentos, etc.), influenciavam em grande parte o nosso comportamento, personalidade e motivações. Freud dizia que,  “O consciente é apenas a ponta do iceberg”, ou seja aquilo que se vê e que podemos analisar, dado que manifestamos de forma voluntária. A infância está muito ligada a todo este raciocínio de Freud, daí este se ter debruçado no seu estudo.  
     Acontecimentos perturbadores ocorridos durante a infância, que não eram recordados conscientemente, eram muitas vezes reprimidos por expressarem desejos sexuais inaceitáveis numa determinada sociedade. Então essas memórias eram “gravadas” no inconsciente, influenciando o comportamento sexual adulto, que estava então intimamente interligado com as vivências infantis. E assim Freud afirma a existência de sexualidade infantil.
      Freud definiu então vários estádios psicossexuais do desenvolvimento da personalidade. No decorrer destes estádios, as crianças são auto-eróticas ao obter prazer erótico quando estimulam as zonas erógenas do corpo. Cada estádio tende a estar localizado numa determinada zona erógena. Estes incluem os seguintes estádios:


                       

  1. Estádio oral: Este estádio inicia-se desde o nascimento até aos 12/18 meses de idade. A zona erógena nos primeiros meses é constituída pelos lábios e cavidade bocal. A alimentação é uma grande fonte de prazer.
  2. Estádio anal: Prolonga-se dos 12/18 meses ate aos 2/3 anos. O desenvolvimento psicomotor vai permitir a criança reter ou expulsar as fezes e a urina. A estimulação da região anal e da mucosa intestinal dá prazer à criança.
  3. Estádio fálico: Inicia-se aos 3 anos e vai até aos 5/6 anos. A zona erógena é o órgão sexual. É o órgão sexual a fonte de prazer sendo comum a sua manipulação.
  4. Estádio de latência: Inicia-se dos 5/6 anos até à puberdade. Caracteriza-se por uma diminuição da actividade sexual, que pode ser total ou parcial. Desenvolve competências e aprendizagens diversas, tanto a nível escolar como, social, cultural, etc.
  5. Estádio genital: Depois da puberdade. Reactiva a sexualidade que esteve adormecida no período de latência.


 Desenvolvimento pessoal segundo Erikson

    Já Erik Erikson, conceituado estudioso alemão, apesar de discípulo de Freud, opôs-se à sua teoria psicossexual, achando que esta estaria errada nos seguintes pontos:
- Valorização exagerada da energia libidinal como chave explicativa do desenvolvimento;
- Redução do desenvolvimento aos períodos que decorrem da infância à adolescência;
- Subestimação das interacções indivíduo-meio;
- Privilégio concedido à vertente patológica da personalidade.
      Erikson valorizou os aspetos culturais do processo evolutivo da personalidade, atribuindo oito etapas, em que cada uma é caracterizada pelos aspetos biológicos, individuais e sociais sentidos em cada idade. O período a que atribui maior importância é à adolescência, visto ser aquela fase de transição entre a infância e a idade adulta. É uma fase onde se verificam acontecimentos relevantes para a personalidade do indivíduo adulto. Cada etapa não contém um tempo específico, pois cada ser humano tem o seu ritmo cronológico, podendo este variar bastante.
      As etapas são:
1.       Confiança/desconfiança – ocorre aproximadamente durante o primeiro ano de vida (0 - 18 meses).
2.       Autonomia/ vergonha e dúvida – ocorrem aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos.
3.       Iniciativa/culpa – ocorre aproximadamente entre os 3 e 6 anos.
4.       Indústria/inferioridade – decorre na idade escolar, antes da adolescência (6 - 12 anos).
5.       Identidade/confusão de identidade – marca o período da adolescência (12 - 18/ 20 anos).
6.       Intimidade/isolamento – ocorre entre os 18/ 20 e os 30/35 anos, aproximadamente.
7.       Generatividade/estagnação – ocorre entre os 30/ 35 - 60 anos, aproximadamente.
8.       Integridade/desespero – ocorre a partir dos 60 anos e é favorável uma integração e compreensão do passado vivido.




Desenvolvimento Psicossocial segundo Erikson
       Estádio
      Idade aproximada
Resolução da crise
Êxito  / Fracasso
       Núcleo de   relações significativas
       Comportamentos psicossociais
   Virtude
 
     1ªidade:
Bebé
        Do nascimento até aos 18 meses
      Questão-chave: “Será o meu mundo social previsível e protector?”
Mãe ou substituta de mãe
                Dar
            Receber
         Esperança
    Confiança
    Sente-se protegido e seguro. Desenvolve o sentimento básico de confiança na vida.
Desconfiança
Retraído, desprotegido ou abandonado, tem medo e aprende a desconfiar do mundo.
       2ªidade:
        Criança de tenra idade
       Dos 18 meses aos 3 anos
         Questão-chave: “Será que consigo fazer as coisas sozinho ou tenho de depender quase sempre dos outros?”
Pais
             Dominar
             Proteger
               Largar
               Deixar
        Força de vontade
Autonomia
Sente-se independente, atreve-se a fazer coisas e a desenvolver as suas capacidades.
        Vergonha e Dúvida
Demasiado controlado pelos pais, não se atreve, duvida, aprende tudo mais tarde
        3ªidade:
       Criança em idade pré-escolar
      Dos 3 aos 6 anos
      Questão-chave: “Serei bom ou mau?”
Família
              Fazer
           Reproduzir
         Fazer de conta
               Brincar
         Tenacidade
Iniciativa
Imaginação, velocidade, actividade.
     Sente orgulho nas suas capacidades.
          Sentimento de culpa
Falta de espontaneidade.
Inibição.
      Sente-se culpado, considera-se mau.
        4ªidade:
    Criança em idade escolar
        Dos 6 aos 12 anos
      Questão-chave: “Serei competente ou incompetente?”
Vizinhos
Escola
           Fazer coisas
             Competir
       Fazer coisas em conjunto
         Competência
Indústria
Trabalhador, empreendedor.
      Gosta de realizar coisas, de participar em jogos, de competir.
Inferioridade
  Preguiçoso, sem iniciativa.
Evita entrar em competição.
     Considera-se inferior e medíocre.
       5ªidade:
       Adolescente
  
      Dos 12 aos 20 anos
       Questão-chave: “Quem sou eu? O que vou fazer da minha vida?”
           Colegas e amigos
       Ser igual a si   próprio
       Partilhar
  Lealdade
    Fidelidade
Identidade
        Sabe quem é e o que quer da vida.
Segurança.
Independência.
É capaz de aprender muito.
Sexualidade integrada.
          Confusão/Insegurança
       Não sabe o que quer.
       Não sabe situar-se face ao trabalho, à sociedade e à sexualidade.
          6ªidade:
       Jovem adulto
       Dos 20 aos 35 anos
        Questão-chave: “Deverei partilhar a minha vida com alguém ou deverei viver sozinho?”
        Parceiros com ligações de amizade, sexo ou cooperação
      Encontrar-se ou perder-se no outro
Amor
Afiliação
Intimidade
       Capacidade de amar e de se entregar.
Sexualidade enriquecedora.
    Vínculos sociais estáveis e abertos.
 
Isolamento
          Dificuldades em relacionar-se.
      Relações inautênticas, efémeras, problemáticas, instáveis.
7ªidade:
Adulto
       Dos 35 aos 65 anos
       Questão-chave: “Produzirei algo com valor, útil para mim e também para outros?”
          Repartição entre actividades profissionais e familiares
             Fazer ser
              Cuidar de
Produção
Cuidade
      Generatividade
Produtivo e criativo.
     Projectado para o futuro.
      Gosta de colaborar com as novas gerações.
Estagnação
      Improdutivo, acabado.
Preocupado consigo próprio, egocêntrico.
8ªidade:
Idoso
           Dos 65 anos em diante
    Questão-chave: “Valeu a pena viver?”
       Humanidade, os da mesma condição
      Ser pelo que se foi
       Encarar o não saber
Sabedoria
Integridade
Aceita a sua existência como algo de valioso.
       Satisfeito com a vida.
Desespero
        Considera que a vida foi tempo perdido e que é impossível recuperar.
Teme a morte.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O contributo de Piaget na Psicologia

     Jean Piaget, psicólogo suiço nasceu a 9 de agosto de 1896. Revelou-se desde cedo um homem de interesses vastos colocando um empenho extraordinário em tudo aquilo que fazia.
     Criou e administrou testes de leitura para crianças em idade escolar, mostrando-se sobretudo interessado no tipo de erros que as crianças davam, o que o levou posteriormente a explorar o processo racional destas crianças.
     Desenvolveu o tema que inicialmente descobriu em Paris "que a mente da criança evolui ao longo de uma série de estádios até atingir o estado adulto". Piaget a criança como estando a criar e recriar o seu próprio modelo de realidade, atingindo um crescimento mental por integração de simples conceitos em conceitos de nível mais elevado ao longo de cada estádio.
     Traçou quatro estádios nesse desenvolvimento: o estádio sensório-motor, o estádio pré-operatório, o estádio operatório concreto e o estádio operatório formal.
     No estádio sensório-motor a criança gere os seus próprios reflexos inatos e transforma-os em ações de prazer ou interesse. Neste período, numa primeira fase, a criança começa a tomar consciência de si como uma entidade física separada, apercebendo-se posteriormente que os objetos à sua volta têm uma existência separada e permanente.
     No segundo estádio, pré-operatório, a idade da criança encontra-se entre os 2 aos 6/7 anos. Neste momento a criança deve ser capaz de manipular o seu ambiente simbólico através das suas representações ou pensamentos acerca do mundo externo. Durante este estádio a criança aprende a representar os objetos por palavras e a manipular as palavras mentalmente.
     Por volta dos 7 até aos 11/12 anos de idade a criança deve encontrar-se no estádio operatório concreto. Neste período ocorre o começo da lógica nos processos de pensamento da criança e o inicio da classificação dos objetos pelas suas similaridades e diferenças. É nesta altura que a criança começa a ter noção dos conceitos de tempo e de número.
     O último estádio operatório formal vai da idade dos 12 anos, e estende-se até ao estado adulto. É caracterizado por uma generalização do pensamento e por um apuro da lógica, permitindo um tipo de experimentação mental mais flexível. A criança aprende neste estádio a manipular ideias abstratas, a formular hipóteses e a avaliar as implicações do seu pensamento e do dos outros.
     Piaget elaborou, assim, uma teoria de desenvolvimento que funcionou como fio condutor para muitos dos que se interessaram pelo estudo do desenvolvimento da criança. Ao longo de toda a sua vida acumulou observações e reflexões criando verdadeiros quadros acerca da forma como as crianças vêm o mundo.