sábado, 2 de junho de 2012

Fases da Vida Adulta


A fase adulta, fenómeno do desenvolvimento humano, apresenta-se com novas responsabilidades, em novos referenciais de existência, em novas conquistas, em busca de um maior entendimento desta importante e mais abrangente etapa da vida humana. Por ser a fase mais longa da existência do ser humano, merece especial atenção, mesmo porque há pouco tempo vem sendo entendida e percebida com tais referenciais.
Assim, compreender as interações que passam o fenómeno da vida adulta, em cada ser humano, é entender o processo de desenvolvimento, com suas aprendizagens e singularidades. É conceber que estar aprendendo é estar vivo, é ter vida, é não envelhecer na sua interioridade. É distinguir-se no social com responsabilidades, com direitos e deveres, com necessidades de partilhar desejos e novas conquistas.


Contudo, são diferenciadas as responsabilidades sociais que advêm ao indivíduo adulto. Tanto pelas conquistas, pelas lutas de classe, pelos preconceitos de raça e género, quanto pelas divisões de tarefas dentro do contexto familiar. A estrutura familiar atual provoca muitas mudanças que, ao longo do desenvolvimento social, foram sendo estabelecidas em normas e conceitos. Não obstante, está a geratividade, como responsabilidade com sua descendência, tanto em relação às pessoas, como também com as realizações produzidas ao longo da vida. Essa responsabilidade pessoal, revelada ao indivíduo na fase adulta de sua vida, pode constituir-se parâmetro para novas aprendizagens e renovadas conquistas, apontando motivações externas para cada pessoa em sua época e momento próprio de vida.

Mesmo que possa não ser do entendimento de muitas pessoas, são várias as transformações biológicas que ocorrem do início ao final da vida adulta. As capacidades físicas são um exemplo disso, as quais poderão reverter-se do físico ao psicológico na fase adulta, e, consequentemente, nas relações intra e interpessoais.

Os aspetos fisiológicos e psicológicos são os que impulsionam a conduta do ser humano. Quando tentamos entender as necessidades básicas de cada ser humano, e como elas são saciadas, devemos compreender que estas fazem parte da interação complexa de mecanismos fisiológicos e processos psicológicos de cada um. Para Schaie e Willis (2003, p. 298), “como adultos, as nossas condutas relacionadas com as necessidades físicas básicas, tais como comer, beber e tomar banho, refletem as expectativas culturais, as experiências de socialização e as condutas aprendidas, além de fatores fisiológicos”.

Assim, as características pessoais, a dinâmica do aprender e os fenómenos biológicos fundamentam e envolvem todas as dimensões do ser humano, em total integração do corpo e do espírito, e do ser com o fazer. Quando isso não ocorre, produz-se alienação e perda do sentido social e individual no viver de cada ser humano.

Mosquera (1982) apresenta as fases da vida adulta em idade adulta jovem, idade adulta média e idade adulta velha. Dentro dessas três divisões e conceções de vida adulta, apresentam-se outras subcategorias, cronologicamente. No entanto, o autor esclarece “que cada fase tem uma problemática específica, dividida em subproblemáticas que atingem as pessoas nos seus momentos decisivos entre o seu próprio projeto vital e as suas relações com os outros”.


Cabe ressaltar que a questão cronológica, que divide cada fase na vida, parece estar ligada à época em que a sociedade vivencia historicamente até à atualidade, ou seja, as divisões de faixa etária podem ser distribuídas de acordo com o contexto social em que a pessoa estiver inserida.

Então, conforme Mosquera, a idade adulta jovem subdivide-se em fase inicial denominada idade adulta jovem inicial, com idade aproximada entre 20 e 25 anos. Em seguida, a idade adulta jovem plena, que compreende dos 25 a 35 anos, e, por fim, a idade adulta jovem final, abrangendo dos 35 aos 40 anos de idade.

No que se refere ao adulto jovem, as suas características físicas e psicológicas, bem como, as suas características únicas, Mosquera elucida que há nesta fase da vida uma grande vitalidade e uma valorização da individualidade. O adulto jovem está dotado dos mais fortes impulsos, os quais se manifestam, tanto pela impulsividade como pelo emprego vivo de suas forças. O seu estado de espírito frente à vida alcançou, por regra geral, um nível elevado. A alegria de viver e o prazer da existência fornecem-lhe perspetivas. Logo, parece que na idade adulta jovem o ser humano busca uma valoração pessoal, objetivando um desejo intrínseco da avaliação positiva de si mesmo pelos conhecimentos até então adquiridos e construídos, sempre numa expectativa de alcançar uma avaliação positiva frente ao social, a respeito de si mesmo. O adulto jovem deseja recompensas rápidas e externas das suas motivações e busca experimentar e demonstrar muita competência, entre produções próprias dos seus investimentos socioeconómicos e desejos intrínsecos.


Ainda, entre as subdivisões da vida adulta jovem salienta-se, que na subfase da idade adulta jovem plena, o adulto toma consciência da chegada na sua existencialidade adulta e procura dar significado pessoal. No entanto, ao final da idade adulta jovem, o indivíduo vivencia situações que lhe atribuem o verdadeiro valor de sua existência e compreende, ou pelo menos idealiza, o que constituirá a sua realização.

Neste sentido, de crescimento em busca da própria realização, não estão apenas tratados os poderes económicos adquiridos na vida adulta, mas o fundamental é que “a pessoa dá-se conta da importância que ela tem como ser humano”.

No que concerne à idade adulta média, as suas subdivisões são a idade adulta média inicial compreendendo a faixa etária dos 40 aos 50 anos, a fase dos 50 aos 60, nomeada de idade adulta média plena e a idade adulta média final, aproximadamente, dos 60 aos 65 anos de idade cronológica.

Nesta segunda fase da vida da idade adulta média, provavelmente o homem tenha conseguido alcançar os seus objetivos particulares de família constituída, de empregabilidade e de moradia, e entre outras perceções acerca da vida, a idade adulta média revela-lhe a temporalidade humana fazendo-se consciente a imortalidade.

Não obstante, no adulto médio, segundo Mosquera (1987, p. 96), parece existir, predominantemente, uma tendência à extroversão, isto é, uma visualização para o mundo exterior. Provavelmente para dar mais firmeza e conteúdo à segurança da sua própria pessoa.

Nisso, provavelmente, percebe a utilidade de suas construções pessoais frente ao social, num ímpeto de ser útil e aprender o que é ser útil. O que motiva o adulto, nesta fase é, possivelmente, a própria disponibilidade.

A motivação de desempenhar as suas atividades e demonstrar as suas capacidades torna-se explícita nas próprias ações sociais. Pode-se supor, também aqui, a retroalimentação de suas ações num sentido se superar os próprios erros.

Assim, pode ser que na idade adulta média inicial revele-se um adulto que se preocupa mais com os outros indivíduos à sua volta do que propriamente com seus desejos e perspetivas, que resultem em consequências positivas ou negativas nas suas subjetividades. O ser humano, com o seu potencial resiliente abrangerá distintas aprendizagens. “Muitos dramas se escondem entre os 40 e 50 anos de idade: fracassos afetivos, sexuais, medos, ansiedades e angústias” (crise da média idade).


Na fase posterior, na idade adulta média plena, os mesmos sentimentos pessoais, apresentados anteriormente na fase entre os 40 e 50 anos, ficam mais evidentes pelas perceções clarificadas das ações sociais. Estas atitudes tornam-se mais dificultadas pelas características próprias dos 50 aos 60 anos, aproximadamente, pois as condições físicas já não acompanham os desejos intrínsecos de cada ser humano.

Significativamente, dos 60 aos 65 anos, na idade adulta média final, agrava-se a preocupação com a idade da reforma, assim como fica enaltecida a perceção pelo desempenho das ocupações socioculturais. Enfim, há um desejo intrínseco de ser recompensado por tudo de útil que tenha produzido ou que se a perceba capaz de realizar.

Neste momento da vida adulta fica evidente a necessidade de ressignificar, todas as condutas sociais e buscar modos significativos de viver pessoalmente. Os motivos internos de tornar-se útil aos demais, talvez pela disponibilidade de tempo, ou por motivações externas de sentir-se bem, assim como a busca por uma qualidade de vida não descoberta, podem ser alguns dos aspetos que possibilitem novas vivências nesta idade.


Seguidamente, encontra-se a subdivisão da idade adulta velha, em idade adulta velha inicial, seguida da idade adulta velha plena e por último, idade adulta velha final. Com as respetivas idades cronológicas de 65 a 70, depois de 70 a 75 anos e por fim, aproximadamente dos 75 anos até a morte.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O Ciclo Ocupacional

    Na vida pofissional está presente um ciclo ocupacional que tem inicio com a escolha profissional e que tem continuidade com a sua concretização e que termina com a reforma. Mas nunca nos devemos esquecer que dentro deste ciclo existem sempre diversos eventos positivos e negativos que afetam a carreira da pessoa.
    Donald Super sugeriu cinco estádios de vida vocacional, dando relevância à auto exploração individual dos indivíduos:

1.   Estádio de crescimento - as crianças desenvolvem o seu auto conceito, desempenham vários papeis e atividades e reparam no que gostam e no que sabem fazer bem;



2.   Estádio de exploração - os adolescentes começam a explorar e a reagir às sua próprias necessidades e interesses e fazem tentativas de escolhas de carreira com base no que encontram (no final desta fase já devem sentir-se identificados com uma carreira profissional);




3.   Estádio de estabelecimento - agora já trabalhadores há uma tentativa de estabelecer uma posição permanente para si próprios na área que escolheram, no entanto isto não impede que não haja mudanças de carreira ou emprego nos primeiros anos, sendo que a partir de metade deste estádio as carreiuras tendem a ficar estaveis;



4.   Estádio de Manutenção - agora o objetivo será a manutenção da sua posição, que estabeleceu no estádio anterior;





5.   Estádio de declínio - depois de vários anos de trabalho as capacidades físicas e mentais encontram-se em decadência, sendo que na maior parte das vezes a atividade laboral termina. 









Desenvolvimento da personalidade: continuidade e mudança


    O desenvolvimento da personalidade é muitas vezes medida em termos de estádios desenvolvimentais. Na vida adulta, estes estádios são descritos como “tarefas”.



Principais tarefas da meia idade, segundo Havighurst:
  •   Atingir a  responsabilidade cívica e social adulta;
  •   Estabelecer e manter um padrão económico de vida;
  •   Desenvolver actividades adultas de lazer;
  •   Ajudar as crianças adolescentes a tornarem-se adultos responsáveis e felizes;
  •   Relacionar-se com o seu conjugue como pessoa; 
  •   Aceitar e ajustar-se às mudanças fisiológicas da meia idade;
  •  Ajustar-se aos pais que envelhecem.
         A meia idade é caracterizada por um período de transição da idade adulta para uma fase de confirmação da vida profissional e emocional, situa- se entre os 40 a 60/65 anos, podendo variar de individuo para individuo consoante as experiências vividas. Este, pode ser um período de realização e liderança ou de agitação e descontentamento. Contudo, algumas pessoas sentem- se mais “no comando” das suas vidas do que em qualquer outro período, outras vivem várias crises físicas e emocionais e sentem que é um período de decadência. Assim, há a percepção de que o tempo está a fugir apercebendo- se que alguns objectivos podem não ser atingidos.
Ao longo deste período, o funcionamento biológico, intelectual e da personalidade  tem elementos de continuidade e de mudança. As capacidades físicas diminuem, e surge os primeiros sinais do envelhecimento. No entanto, muitas das consequências desagradáveis do envelhecimento podem ser reduzidas com exercício físico e hábitos de vida saudáveis, sendo inevitável que algumas funções físicas comecem a baixar ocorrendo diversas mudanças internas, como por exemplo, ao nível da visão, audição, ou sensibilidade a gostos e a cheiros. 
O envelhecimento é um processo complexo e universal comum a todos os seres vivos. É um processo contínuo, podendo no entanto observar-se uma evolução notória nas últimas fases da vida do homem. 
Concluindo, o envelhecimento diz respeito a todas as modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que aparecem como consequência da acção do tempo sobre os seres vivos. Uma alimentação adequada e equilibrada, a prática de exercício físico, estimulação mental, stress, o apoio psicológico e o envelhecimento são alguns factores que podem retardar as consequências da passagem do tempo. 




Início da vida adulta: papéis e questões


O estudo do desenvolvimento humano ao longo da vida adulta já não se baseia apenas no crescimento físico e na rápida aquisição de novos conhecimentos. O crescimento do adulto é definido em termos de marcos sociais e culturais, à medida que os jovens lutam para se tornarem auto-suficientes na sociedade, deixam de ser dependentes dos pais e assumem responsabilidades, para si próprios e para outros.

É nesta fase que normalmente surgem acontecimentos como o casamento, maternidade/paternidade, ou escolha de carreira.

Neste contexto surge a questão da maturidade. E afinal, o que é a maturidade?
Há quem defenda que se atinge a maturidade aquando dos 18 anos, idade para tirar a carta ou votar; há também quem defenda que se atinge a maturidade quando se é pai, arranja emprego…
Mas, na verdade, a maturidade é muito mais que isso. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, amadurecer é tornar-se comedido, experimentado, pensar antes de decidir. Amadurecer é errar, magoar, perdoar, cair, levantar. Ou seja, todas as experiências sociais contribuem para o amadurecimento do ser humano. Assim, parece não haver um momento exacto em que se dá o amadurecimento do ser humano, uma vez que todo este processo ocorre ao longo de uma vida repleta de experiências.

“Aprendi que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiências que se teve e o que se aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.” William Shakespeare

Desenvolvimento Moral

    Lawrence Kohlberg realizou uma série de investigações com crianças e jovens, para compreender o desenvolvimento moral. 
    A partir da análise das respostas e dos raciocínios apresentados pelos sujeitos, Kohlberg definiu três níveis, cada um com dois estádios.

    Os estádios foram definidos com base no modo como as crianças respondiam às questões sobre os dilemas em relação aos aspectos de julgamento moral. De acordo com as afirmações apresentadas, cada sujeito analisado é colocado num estádio de desenvolvimento moral.


      Nível 1: Moralidade Pré-convencional




     Neste nível, o indivíduo raciocina em relação a si mesmo e ainda não compreendeu ou integrou totalmente as regras e expectativas sociais.



       Estádio 1-Orientação para a punição e obediência
     Neste estádio, o certo é a obediência cega às regras e à autoridade, de forma a evitar a punição. O que interessa é evitar a violação das regras para não sofrer quaisquer consequências negativas, tais como danos físicos e castigos. A pessoa neste estádio assume um ponto de vista meramente egocêntrico.

  
        Estádio 2- Individualismo e troca instrumental
      Este estádio é parecido com o anterior, caracterizando-se igualmente pelo egocentrismo, no entanto, a pessoa já tem em conta os outros, mas só se receber algo em troca por parte destes.




     Nível 2: Moralidade convencional

    

      As regras morais já  estão interiorizadas por parte do indivíduo,  sendo que a moralidade é definida por comportamentos que são corretos na sociedade. O sujeito adquire valores através do seu meio sem ter em consideração as consequências. Um dos grandes objetivos por parte da pessoa neste estádio é ser reconhecido com louvor pelas as suas atitudes, mantendo a ordem social.  



        Estádio 3- Expectativas interpessoais mútuas, relacionamento e conformiade interpessoal
     Para o estádio 3, o certo é ser simpático, leal e digno de confiança. O que está certo é viver de acordo com aquilo que os outros esperam de nós e fazer aquilo que os outros esperam que nós façamos. Este estádio tem em conta tanto a perspectiva do indivíduo como a perspectiva dos outros. Uma pessoa, neste estádio, sabe partilhar sentimentos e sabe relacionar diferentes pontos de vista em simultâneo. É capaz de se colocar no papel dos outros.
     


          Estádio 4 - Sistema e consciência social, manutenção da lei e da ordem
     Neste estádio, o indivíduo tem como forma de estar cumprir o dever para com a sociedade, manter a ordem social e velar pelo bem-estar de todos. A razão para fazer o que está certo é ajudar a manter a ordem social e o bom funcionamento das instituições. Este estádio distingue os pontos de vista da sociedade dos pontos de vista dos grupos e dos indivíduos. " E se todos o fizessem?", é uma questão que estes se colocam a si mesmos, achando que o mais correto é mesmo cumprir a lei, sem qualquer tipo de segundos pensamentos.




      Nível 3: Moralidade Pós-convencional

   

     A este nível o indivíduo compromete-se a  um conjunto de princípios morais complexos partilhados com os outros. Admite-se que não existem soluções fáceis para os problemas humanos e morais.

     De facto, os princípios morais podem transcender figuras de autoridade ou até as normas ou valores de uma sociedade particular. Um indivíduo situado neste nível compreende e aceita as regras da sociedade na sua globalidade, mas apenas porque primeiramente aceita determinados princípios morais gerais que lhe estão subjacentes. No caso de um desses princípios entrar em conflito com as regras da sociedade, o indivíduo julgará com base nesse princípio e não na convenção social.



     Estádio 5- Contrato social ou direitos individuais democrasticamente aceites
     Neste estádio a escolha moral é baseada nos direitos básicos, nos contratos legais e nos valores morais, mesmo quando há conflito com as leis ou as regras do grupo. O que está certo é ter consciência que as pessoas nem sempre partilham os mesmos valores. A razão para fazer o que está certo reside na necessidade de respeitar os contratos e os direitos dos outros.  Neste estádio, há verdades mais importantes que os interesses da sociedade. A pessoa, neste estádio, considera o ponto de vista legal e o ponto de vista dos outros e procura reconhecer o conflito entre eles, de forma a fazer escolhas que tragam o maior bem para o maior número.




     Estádio 6 - Princípios éticos universais
     No estádio 6, o correto é o que obedece aos princípios éticos universais. As leis ou os contratos e acordos sociais são válidos sempre que respeitam esses princípios. A razão para fazer o que está certo é que a pessoa reconhece a validade dos princípios e procura cumpri-los.



Concluindo, a moralidade humana e o seu desenvolvimento são essencialmente dialéticos. Tanto no modelo de Piaget como no de Kohlberg, a moralidade de um indivíduo depende de variados factores, psicológicos, biológicos, sociais e culturais. Torna-se evidente que diferentes situações sociais, culturais, psicológicas e biológicas irão propiciar diferentes comportamentos,e, consequentemente, diferentes moralidades.





     

   



quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desenvolvimento Pessoal

Desenvolvimento pessoal segundo Freud

     Sigmund Freud, o “Pai” da psicanálise, defendia que os processos psíquicos inconscientes (forças, desejos sexuais e agressivos, recalcamentos, etc.), influenciavam em grande parte o nosso comportamento, personalidade e motivações. Freud dizia que,  “O consciente é apenas a ponta do iceberg”, ou seja aquilo que se vê e que podemos analisar, dado que manifestamos de forma voluntária. A infância está muito ligada a todo este raciocínio de Freud, daí este se ter debruçado no seu estudo.  
     Acontecimentos perturbadores ocorridos durante a infância, que não eram recordados conscientemente, eram muitas vezes reprimidos por expressarem desejos sexuais inaceitáveis numa determinada sociedade. Então essas memórias eram “gravadas” no inconsciente, influenciando o comportamento sexual adulto, que estava então intimamente interligado com as vivências infantis. E assim Freud afirma a existência de sexualidade infantil.
      Freud definiu então vários estádios psicossexuais do desenvolvimento da personalidade. No decorrer destes estádios, as crianças são auto-eróticas ao obter prazer erótico quando estimulam as zonas erógenas do corpo. Cada estádio tende a estar localizado numa determinada zona erógena. Estes incluem os seguintes estádios:


                       

  1. Estádio oral: Este estádio inicia-se desde o nascimento até aos 12/18 meses de idade. A zona erógena nos primeiros meses é constituída pelos lábios e cavidade bocal. A alimentação é uma grande fonte de prazer.
  2. Estádio anal: Prolonga-se dos 12/18 meses ate aos 2/3 anos. O desenvolvimento psicomotor vai permitir a criança reter ou expulsar as fezes e a urina. A estimulação da região anal e da mucosa intestinal dá prazer à criança.
  3. Estádio fálico: Inicia-se aos 3 anos e vai até aos 5/6 anos. A zona erógena é o órgão sexual. É o órgão sexual a fonte de prazer sendo comum a sua manipulação.
  4. Estádio de latência: Inicia-se dos 5/6 anos até à puberdade. Caracteriza-se por uma diminuição da actividade sexual, que pode ser total ou parcial. Desenvolve competências e aprendizagens diversas, tanto a nível escolar como, social, cultural, etc.
  5. Estádio genital: Depois da puberdade. Reactiva a sexualidade que esteve adormecida no período de latência.


 Desenvolvimento pessoal segundo Erikson

    Já Erik Erikson, conceituado estudioso alemão, apesar de discípulo de Freud, opôs-se à sua teoria psicossexual, achando que esta estaria errada nos seguintes pontos:
- Valorização exagerada da energia libidinal como chave explicativa do desenvolvimento;
- Redução do desenvolvimento aos períodos que decorrem da infância à adolescência;
- Subestimação das interacções indivíduo-meio;
- Privilégio concedido à vertente patológica da personalidade.
      Erikson valorizou os aspetos culturais do processo evolutivo da personalidade, atribuindo oito etapas, em que cada uma é caracterizada pelos aspetos biológicos, individuais e sociais sentidos em cada idade. O período a que atribui maior importância é à adolescência, visto ser aquela fase de transição entre a infância e a idade adulta. É uma fase onde se verificam acontecimentos relevantes para a personalidade do indivíduo adulto. Cada etapa não contém um tempo específico, pois cada ser humano tem o seu ritmo cronológico, podendo este variar bastante.
      As etapas são:
1.       Confiança/desconfiança – ocorre aproximadamente durante o primeiro ano de vida (0 - 18 meses).
2.       Autonomia/ vergonha e dúvida – ocorrem aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos.
3.       Iniciativa/culpa – ocorre aproximadamente entre os 3 e 6 anos.
4.       Indústria/inferioridade – decorre na idade escolar, antes da adolescência (6 - 12 anos).
5.       Identidade/confusão de identidade – marca o período da adolescência (12 - 18/ 20 anos).
6.       Intimidade/isolamento – ocorre entre os 18/ 20 e os 30/35 anos, aproximadamente.
7.       Generatividade/estagnação – ocorre entre os 30/ 35 - 60 anos, aproximadamente.
8.       Integridade/desespero – ocorre a partir dos 60 anos e é favorável uma integração e compreensão do passado vivido.




Desenvolvimento Psicossocial segundo Erikson
       Estádio
      Idade aproximada
Resolução da crise
Êxito  / Fracasso
       Núcleo de   relações significativas
       Comportamentos psicossociais
   Virtude
 
     1ªidade:
Bebé
        Do nascimento até aos 18 meses
      Questão-chave: “Será o meu mundo social previsível e protector?”
Mãe ou substituta de mãe
                Dar
            Receber
         Esperança
    Confiança
    Sente-se protegido e seguro. Desenvolve o sentimento básico de confiança na vida.
Desconfiança
Retraído, desprotegido ou abandonado, tem medo e aprende a desconfiar do mundo.
       2ªidade:
        Criança de tenra idade
       Dos 18 meses aos 3 anos
         Questão-chave: “Será que consigo fazer as coisas sozinho ou tenho de depender quase sempre dos outros?”
Pais
             Dominar
             Proteger
               Largar
               Deixar
        Força de vontade
Autonomia
Sente-se independente, atreve-se a fazer coisas e a desenvolver as suas capacidades.
        Vergonha e Dúvida
Demasiado controlado pelos pais, não se atreve, duvida, aprende tudo mais tarde
        3ªidade:
       Criança em idade pré-escolar
      Dos 3 aos 6 anos
      Questão-chave: “Serei bom ou mau?”
Família
              Fazer
           Reproduzir
         Fazer de conta
               Brincar
         Tenacidade
Iniciativa
Imaginação, velocidade, actividade.
     Sente orgulho nas suas capacidades.
          Sentimento de culpa
Falta de espontaneidade.
Inibição.
      Sente-se culpado, considera-se mau.
        4ªidade:
    Criança em idade escolar
        Dos 6 aos 12 anos
      Questão-chave: “Serei competente ou incompetente?”
Vizinhos
Escola
           Fazer coisas
             Competir
       Fazer coisas em conjunto
         Competência
Indústria
Trabalhador, empreendedor.
      Gosta de realizar coisas, de participar em jogos, de competir.
Inferioridade
  Preguiçoso, sem iniciativa.
Evita entrar em competição.
     Considera-se inferior e medíocre.
       5ªidade:
       Adolescente
  
      Dos 12 aos 20 anos
       Questão-chave: “Quem sou eu? O que vou fazer da minha vida?”
           Colegas e amigos
       Ser igual a si   próprio
       Partilhar
  Lealdade
    Fidelidade
Identidade
        Sabe quem é e o que quer da vida.
Segurança.
Independência.
É capaz de aprender muito.
Sexualidade integrada.
          Confusão/Insegurança
       Não sabe o que quer.
       Não sabe situar-se face ao trabalho, à sociedade e à sexualidade.
          6ªidade:
       Jovem adulto
       Dos 20 aos 35 anos
        Questão-chave: “Deverei partilhar a minha vida com alguém ou deverei viver sozinho?”
        Parceiros com ligações de amizade, sexo ou cooperação
      Encontrar-se ou perder-se no outro
Amor
Afiliação
Intimidade
       Capacidade de amar e de se entregar.
Sexualidade enriquecedora.
    Vínculos sociais estáveis e abertos.
 
Isolamento
          Dificuldades em relacionar-se.
      Relações inautênticas, efémeras, problemáticas, instáveis.
7ªidade:
Adulto
       Dos 35 aos 65 anos
       Questão-chave: “Produzirei algo com valor, útil para mim e também para outros?”
          Repartição entre actividades profissionais e familiares
             Fazer ser
              Cuidar de
Produção
Cuidade
      Generatividade
Produtivo e criativo.
     Projectado para o futuro.
      Gosta de colaborar com as novas gerações.
Estagnação
      Improdutivo, acabado.
Preocupado consigo próprio, egocêntrico.
8ªidade:
Idoso
           Dos 65 anos em diante
    Questão-chave: “Valeu a pena viver?”
       Humanidade, os da mesma condição
      Ser pelo que se foi
       Encarar o não saber
Sabedoria
Integridade
Aceita a sua existência como algo de valioso.
       Satisfeito com a vida.
Desespero
        Considera que a vida foi tempo perdido e que é impossível recuperar.
Teme a morte.