Na infância e na adolescência verifica-se que a aprendizagem e a maturação interagem. Por exemplo, as mudanças na proporção do corpo e na estrutura do sistema nervoso são resultados do processo de maturação, enquanto, por exemplo, o desenvolvimento das habilidades motoras depende, principalmente, da maturação.
Nesta linha de pensamento são vários os autores e teorias acerca dos períodos críticos, sendo que estes são definidos como um tempo favorável à aquisição de uma determinada competência. Existem diversos estudos como os de Nancy Bayley, Benjamin Bloom, David Krech, Joseph Altman entre outros.
Depois de uma crescente preocupação acerca do desenvolvimento precoce criaram-se programas de intervenção precoce, que tinham como objetivo preparar melhor as crianças de níveis socioeconómicos desfavorecidos para conseguirem atingir maior sucesso escolar. Neste sentido surgir a Head Start – programa americano de educação infantil para crianças menos favorecidas com o objetivo de elevar o nível destas mesmas e com uma eficácia surpreendente a longo prazo.
E no desporto? Será que existem períodos críticos para a aprendizagem e evolução dos atletas? Devem os treinadores esperar por esse período para exigirem mais e melhor?
O tema do treino está associado ao conceito de período crítico. O principal problema associado a estes dois assuntos é a questão de saber se a resposta à carga de treino e instrução, isto é, o grau de sensibilidade dos indivíduos, varia ao longo do processo de desenvolvimento e se é, ou não, geneticamente condicionada, o que levantaria o problema sério da interação genótipo com o envolvimento.
A questão do tipo de treino tem sido fortemente colocada no que se refere à resposta ao treino do desenvolvimento da potência aeróbia.
Recentemente, um conjunto de investigadores tem dirigido a sua atenção para a relação dose / resposta na capacidade de força, o mesmo ocorrendo relativamente aos efeitos da instrução e prática de habilidades motoras.
Qualquer atributo (aptidão ou habilidade motora), em resposta ao treino / instrução apresenta uma variação inter-individual acentuada. Esta sensibilidade individual aos estímulos do envolvimento é designada por “norma de reação individual”.
A sensibilidade dos indivíduos ao treino / instrução depende de uma variedade de fatores dos quais se destacam: a) idade; b) sexo; c) a experiência anterior; d) o nível de pré-instrução ou de pré-treino (nível inicial) das habilidades, da força e da capacidade aeróbia, isto é, o nível corrente do fenótipo e; e) das variações genéticas específicas (genótipo).
Com a exceção dos estudos da resposta ao treino aeróbio em adultos sedentários, estes fatores não são ordinariamente controlados nos estudos de instrução e treino em crianças e jovens, o que limita severamente o entendimento lato deste fenômeno, bem como de alguns dos seus mecanismos.
Verifica-se uma grande falta de estudos empíricos que abordem a questão dos períodos críticos ou sensíveis. Não está, portanto, confirmada ou reprovada a ideia da existência de períodos críticos ou sensíveis para o treino de aptidões motoras e aprendizagem de habilidades.
O grau de esforço no treino é influenciado pelo genótipo, verificando-se uma forte interação entre os efeitos do genótipo e dos efeitos do envolvimento, ocasionando, portanto, uma grande variação inter-individual no grau de sensibilidade ao treino e instrução. Estes aspetos vêm chamar à atenção para a necessidade de o delineamento dos programas de treino e instrução deverem contemplar a diferenciação da carga de treino e instrução, uma ideia que parece ser do “senso comum” mas que continua teimosamente esquecida nos planeamentos do treino dos atletas infanto-juvenis.
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